O JARDIM é um agrupamento artístico-pedagógico voltado para a criação e pesquisa que tem como eixos temáticos as infâncias, natureza, território e ancestralidade. Não necessariamente nessa ordem, mas em alguma medida, esses eixos dão sustentação a projetos de intervenção artística, ações educativas, dramaturgias e residências artístico-pedagógicas voltadas para crianças e suas famílias.
A ideia d´O Jardim nasce a partir de um exercício de criação de um mito pessoal de origem do seu criador Jhoao Junnior. Em um curso de pós-graduação artística foi proposto que os participantes encontrassem e criassem o mito pessoal de origem do contador de histórias, nesse processo criativo Jhoao percebeu que sua jornada com a arte se deu a partir do jardim de sua avó Nair no bairro do Mirassol em Natal/RN.
Durante sua infância era no jardim de sua avó que passava boa parte de seu tempo fora da escola e sob a mediação da avó o menino brincava com as plantas, sementes, flores e criava seus castelos e mundos fantásticos com os cacos de telha e tijolo que se espalhavam pelo jardim. Ali estava seu primeiro exercício de fabulação e conexão com a natureza e a figura da avó como elemento central do desenvolvimento da intuição, criatividade e da elaboração da vida a partir das histórias que ela narrava.
A partir daí, o artista escreveu esse mito e aos poucos foi entendendo que era um pulso de vida e que esse jardim lhe trouxe através do tempo e da conexão com a figura da ancestralidade representada pela avó e pela natureza.
Assim, ao longo de cerca de três anos de existência O Jardim vem consolidando práticas educativas e artísticas focadas na relação entre esses eixos temáticos através de projetos de criação teatral, residências artísticas, ciclos de oficinas, contações de histórias e práticas de cultivo e plantio de mudas e sementes.
O seu ato fundador é a criação do experimento teatral O Jardim no ano de 2023 e que narra a jornada de uma criança descobrindo seu corpo e as questões da vida a partir da relação com os seres que habitam o jardim de sua avó. Em meio a sua descoberta, o personagem central percebe que os jardins e as casas ao redor estão sumindo em detrimento da construção de prédios. É aí que o menino aprende com a borboleta que precisa salvar o jardim e que para isso precisará se tornar uma criança borboleta e polinizar o jardim pelo mundo (Foto 1).
Em concomitância a criação do experimento teatral foi realizada uma residência artístico-pedagógica no bairro de Felipe Camarão em Natal/RN em parceria com o Coletivo A Gente, formado por jovens daquele território, que durante os anos de 2023 e 2024 teve um polo de atuação voltado para as crianças e seus familiares através da ocupação artística que se deu na praça Santa Paula Franssinete, onde a sala de aula era a praça e as árvores eram as professoras e contadoras de histórias (Foto 2 e 3).
O Jardim vem estabelecendo suas práticas artístico-pedagógicas nas cidades de São Paulo e Natal através de seus projetos e da reunião de artistas e educadores que buscam seus quintais e jardins de suas histórias para compor uma prática de arte e vida que proporcionem as crianças espaços criativos e inventivos como um jardim.
Foto 1: Experimento cênico na Biblioteca Mário de Andrade (março/2023) em São Paulo/SP.
Foto 2: Sessão de contação de histórias com Ana Celina e Beto Vieira para as crianças do projeto Obompó-Ropongá em Felipe Camarão – Natal/RN.
Foto 3: Oficina de plantio e memória com Jhoao Junnior para as crianças do projeto Obompó-Ropongá em Felipe Camarão – Natal/RN.
